quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo colorido
desses que vivem no arco-íris
disse: Vai, Brunella!, ser borboleta na vida.
As casas espiam as mulheres
que amam e se entregam a outras mulheres.
Se a tarde talvez fosse cinza,
não haveria tantos desejos.
O sorriso chega quando ela aparece:
deixa que ela venha, que ela roce
e assim se colorir, se revirar e extenuar-se de avessos,
loucuras, orgasmos e mistérios.
E então meus olhos já não perguntam nada…
Apenas sorriem
Da janela do ônibus, vejo uma mulher
e acompanho seu andar, seus trejeitos.
É nítida, colorida!
Tem palavras, fogo e arco-íris na vida!
A mulher que segue seu caminho
Vai amar a poesia, a alma feminina,
vai ser essa escrita fabricada na luta,
na dor, na lida, nos beijos e desejos dela.
As Deusas nunca me abandonaram
porque eu sei a hora de ir à forra,
de sair do quarto, me expor e me mostrar
porque eu sei que ela e a vida estão lá fora…
Mundo mundo vasto mundo,
tão grande quanto eu o faço ser
para seguir aquilo que me dita o sentimento.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração!

Sim, eu deveria lhes dizer
sempre a Lua
sempre a Liberdade
inspiram o breve alvorecer da diversidade.
Carlos Drummond de Andrade

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